quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Dulcina de Morais




(Valença, no Rio de Janeiro em 03/02/1908 - Brasília em 27/08/1996).

A atriz, produtora, educadora e diretora teatral Dulcina Mymssem de Morais, conhecida por Dulcina de Morais, foi uma intérprete de estilo próprio, sobretudo no gesto e no rosto. Com um temperamento mais propício à comédia, Dulcina atravessou cinco décadas de montagens sucessivas, três delas à frente de sua companhia, tornando-se um "monstro sagrado" do teatro brasileiro.

Na década de 50, criou a Fundação Nacional de Teatro, uma das primeiras escolas de formação em teatro no país.

Filha dos atores Conchita e Átila de Morais, Dulcina tomou parte em representações da companhia mambembe dos pais ainda bebê. A carreira de atriz começa na década de 20, quando assinou seu primeiro contrato, com a Companhia Brasileira de Comédia, de Viriato Corrêa.

Aos 17 anos, Dulcina de Morais entrou para a empresa teatral de Leopoldo Fróes, a mais importante do início do século. Já no começo de carreira, seu desempenho chamou a atenção do público e da imprensa. Ao mesmo tempo em que foi elogiada pela sinceridade, pela naturalidade e pelo temperamento vivaz, recebeu restrições a seus excessos, sua falta de domínio do rosto e dos gestos.

Em 1934, fundou com o marido, o ator Odilon Azevedo, a companhia Dulcina-Odilon. No mesmo ano, protagonizou "Amor", de Oduvaldo Vianna. O autor se encarregou da orientação artística da montagem e promoveu uma lapidação na interpretação da atriz que a fez, segundo o crítico Mário Nunes, transformar seu nervosismo em expressividade e, dessa forma, atingiu "a posição mais alta que no nosso meio uma atriz pode alcançar".

O sucesso da atriz atingiu as camadas mais altas da sociedade e Dulcina fez moda: os vestidos que usava em cena serviram como modelo para o público feminino. Ganhou medalha do mérito da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT, como melhor atriz do ano de 1939 pelo conjunto de trabalhos.

Em 1945, a montagem de "Chuva", de John Colton e Clemence Randolph, teve apoio e subvenção do ministro Capanema para uma temporada oficial no Teatro Municipal. O espetáculo se tornou um marco em sua carreira. A crítica considerou o papel de Sadie Thompson um dos melhores da carreira da atriz. Um dos aspectos que mais impressionou o público foi a chuva, que durante os três atos caía sem parar no palco. Em viagem ao exterior, Dulcina mereceu destaque na imprensa espanhola e "Chuva" se tornou o carro-chefe da companhia, fazendo parte de seu repertório durante 15 anos. Na remontagem de 1953, a revista Anhembi publicou que o espetaculo está para os nossos velhos grupos profissionais como "Vestido de Noiva" está para os novos.

Em 1949, ganhou novamente o Prêmio ABCT, mas agora como melhor direção por "Mulheres", de Claire Boothe.

Em 1952, Dulcina já era a "primeira atriz do teatro brasileiro". Voltou a ser criticada pela interpretação desmedida em "A Doce Inimiga", de André-Paul Antoine, 1953, ano em que ganhou o Prêmio Municipal de Teatro de melhor direção por "O Imperador Galante", de Raimundo Magalhães Junior.

No final dos anos 50, convencida da necessidade de revestir a profissão de ator de uma preparação técnica, a atriz investiu o dinheiro poupado ao longo da carreira na criação da Fundação Brasileira de Teatro - FBT.

Em 1972, transferiu-se com sua fundação para a capital federal.

Dulcina de Morais só retornou ao palco carioca em 1981, a convite de Bibi Ferreira, que a dirigiu em "O Melhor dos Pecados", de Sérgio Viotti, escrito especialmente para a atriz. Ganhou o Prêmio Molière Especial.

Dulcina de Morais, que era tia do ator Luiz Carlos de Moraes, faleceu esquecida da crítica e do grande público, aos 88 anos.


Fontes: Revista Eletrônica de Teatro Anta Profana, Site Mulheres do Cinema Brasileiro, Arquivo Rodofo Bonventti, Site Adoro Cinema Brasileiro; Extra Glogo.

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