sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Sérgio Cardoso




(Belém, Pará em 15/03/1925 - Rio de Janeiro em 18/08/1972).

Sérgio da Fonseca Mattos Cardoso ou simplesmente Sérgio Cardoso, foi ator, um dos mais premiados do teatro brasileiro, e diretor.

Homem de teatro identificado com a renovação teatral brasileira na década de 50, enérgico e vitalista em suas criações. Trabalhou no Teatro dos Doze, Teatro Brasileiro de Comédia, Companhia Dramática Nacional e fundou a Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso.

Já nas montagens escolares em colégios jesuítas, destacava-se fazendo imitações e cenas que entretinham a família. Aceitou um convite para desempenhar Teobaldo, na montagem de Romeu e Julieta do Teatro Universitário - TU, conduzida por Esther Leão, em 1945. Forma-se em Direito pela PUC/Rio em 1947.

Prepara-se para a carreira diplomática, ao vencer um concurso para desempenhar o protagonista de "Hamlet", aos 22 anos, cuja estréia em janeiro de 1948 marca sua definitiva entrada para o teatro, pelas mãos de Paschoal Carlos Magno. Com outros colegas oriundos do amadorismo universitário funda, a seguir, o Teatro dos Doze, onde distingue-se em "Arlequim Servidor de Dois Amos", de Carlo Goldoni; "Tragédia em New York", de Maxwell Anderson, e "Simbita e o Dragão", infantil, de Lúcia Benedetti, encenações de 1949 conduzidas por Ruggero Jacobbi em parceria com Hoffmann Harnisch.

No mesmo ano, seguindo Jacobbi em sua entrada para o Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, protagoniza "O Mentiroso", também de Carlo Goldoni, outro significativo marco em sua carreira. Em 1950, interpreta Jean-Paul Sartre, "Entre Quatro Paredes" (Huis Clos), e Anton Tchekhov, em "Um Pedido de Casamento", direções de Adolfo Celi.

No TBC, integra algumas das grandes realizações da companhia, tais como "Os Filhos de Eduardo"; "A Ronda dos Malandros", de John Gay; "A Importância de Ser Prudente", de Oscar Wilde, em que é dirigido por Luciano Salce; e, com o mesmo diretor, atua em "Anjo de Pedra", de Tennessee Williams, na qual divide todas as atenções com Cacilda Becker.

Faz a cenografia de "O Inventor do Cavalo", de Achille Campanile, com direção de Luciano Salce, considerada inovadora para a época.

Novos sucessos o aguardam em "Seis Personagens à Procura de um Autor", de Luigi Pirandello, em 1951; assim como no duplo papel criado para "Convite ao Baile", de Jean Anouilh; "Arsênico e Alfazema", de Joseph Kesselring e, sobretudo, "Ralé", de Máximo Gorki, vigorosa encenação de Flaminio Bollini.

"Diálogo de Surdos", peça que Clô Prado escreve especialmente para ele, data de 1952, mesmo ano em que é escalado para a comédia "Inimigos Íntimos", de Pierre Barillet e J. P. Grédy, e como o mensageiro de "Antígone". Casado com a atriz Nydia Licia desde 1950 e sentindo-se desprestigiado na companhia paulista, o casal aceita encabeçar o elenco carioca da recém-criada Companhia Dramática Nacional, CDN.

Lá participa de "A Falecida", de Nelson Rodrigues, com direção de José Maria Monteiro, em 1953, e "A Raposa e as Uvas", de Guilherme Figueiredo, sendo dirigido por Bibi Ferreira. Em 1953, encena "Canção Dentro do Pão", de Raimundo Magalhães Junior, arrebatando os prêmios Saci e Governador do Estado de São Paulo de melhor ator, despedindo-se da companhia.

Em 1954, ao lado de sua mulher, a tambéma atriz Nydia Licia, com quem teve uma filha, cria a Companhia Nydia Licia-Sergio Cardoso, com um repertório nacional: "Lampião", de Rachel de Queiroz e "Sinhá Moça Chorou", de Ernani Fornari. Para reformar o antigo Cine Espéria, futura sede da companhia, aceita ir para a televisão e participar de montagens avulsas, como "A Ceia dos Cardeais", de Júlio Dantas, novamente sob o comando de Bibi Ferreira, em 1955. Finalmente, em 1956, é inaugurado o Teatro Bela Vista, com nova e reformulada versão de "Hamlet", de William Shakespeare, encenação do próprio Sergio, elogiada pela crítica, em que é o protagonista, interpretação premiada com o Governador do Estado de São Paulo.

À frente do empreendimento, desdobra-se como ator, diretor e cenógrafo. Algumas grandes criações surgem então, como "Henrique IV", de Luigi Pirandello, em 1957, em que é novamente premiado com o Saci de melhor ator, e "Vestido de Noiva", encenação inteiramente distinta daquela de Os Comediantes. A necessidade de expandir o empreendimento leva o casal a longas excursões pelo país. Em 1960, o casal separa-se, a companhia se desfaz, e Sergio passa a aceitar trabalhos fora, como "Calígula", em 1961, para a Escola de Teatro da Bahia, com direção de Martim Gonçalves.

Com Cacilda Becker faz "A Visita da Velha Senhora", de Dürrenmatt, direção de Walmor Chagas, em 1962; "Gog e Magog", de Roger MacDougall e Ted Allan, sob a direção de Alberto D'Aversa em 1964, e sua última aparição nos palcos: "O Resto é Silêncio", em que se autodirige em monólogos de Shakespeare.

Na TV Tupi, protagoniza algumas novelas, alcançando reconhecimento nacional, como "O Sorriso de Helena", "O Cara Suja" e, sobretudo, o dr. Valcourt de "O Preço de uma Vida". Mas o grande sucesso chegou mesmo como o português Antônio Maria, da novela do mesmo nome de Geraldo Vietri, com a qual atingiu também o exterior, ganhando a Ordem do Infante D. Henrique do governo português.

Na TV Globo, participa de "O Santo Mestiço", "A Cabana do Pai Tomás", "A Próxima Atração", "Assim na Terra como no Céu", "Pigmalião 70" e "Meu Primeiro Amor", trabalho interrompido pela morte súbita, quando faltavam ainda 30 capítulos para serem rodados. Ele foi então substituído por um grande amigo, o ator Leonardo Villar.

No cinema, sua maior criação foi em "Os Herdeiros", de Cacá Diegues, ao lado de Odete Lara, em 1970.

Fontes: Sites Itau Cultural, TV Globo, Teledramaturgia, IDART, Arquivo Pessoal de Nydia Licia.

(LR/RB).

Nenhum comentário:

Postar um comentário