quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Myriam Muniz




(São Paulo em 28/10/1931 - São Paulo em 18/12/2004)

Myrian Muniz de Mello era atriz e diretora de teatro.

Descendente de portugueses e italianos, cresceu no bairro do Cambuci, em São Paulo.

Antes de dedicar-se ao teatro, estudou e praticou enfermagem, no Hospital Samaritano, em São Paulo, e balé clássico, com Halina Biernacka, integrando o Corpo de Baile do Teatro Municipal de São Paulo nos anos 50.

Formou-se pela Escola de Arte Dramática de São Paulo em 1961. De sua turma, faziam parte, entre outros, o futuro marido Sylvio Zilber, Sérgio Mamberti, Silney Siqueira, Ilka Zanotto, Luiz Nagib Amary, César Romanelli, Ivonete Vieira. Foi sua contemporânea de escola uma grande amiga, a atriz Aracy Balabanian. Na EAD fez textos como "O Defunto", de René Obaldia e "Bodas de Sangue", de Garcia Lorca.

Iniciou sua carreira artística no Teatro Oficina, em "José, do Parto à Sepultura", em 1961, sob direção de Antonio Abujamra, substituindo a atriz Etty Fraser.

Em seguida, integrou o elenco do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC (peça "A Revolução dos Beatos"), da Cia. Nydia Licia (peça "As Lobas") e da Cia. Dulcina de Moraes (peças "Tia Mame" e "Chuva"). Ensaiou, mas não chegou a estrear, "Um Bonde Chamado Desejo", no Teatro Oficina, em 1962, e "Vereda da Salvação", no Teatro Brasileiro de Comédia, em 1965.

Entrou no Teatro de Arena em 1962, substituindo a atriz Riva Nimitz em "A Mandrágora". No Arena permaneceu durante toda a década de 60, atuando em peças como "O Noviço", "O Melhor Juiz, o Rei", "O Tartufo", "La Moschetta", "O Círculo de Giz Caucasiano" e "Primeira Feira Paulista de Opinião". Fez também produção executiva de outras peças do Arena, como "O Filho do Cão", "Arena Conta Zumbi" e "Arena Conta Tiradentes", de peças do Oficina, como "Os Inimigos" etc.

Sua primeira experiência como diretora deu-se no Arena, com uma peça infantil de Maria Claro Machado.

Myriam teve uma grande presença, como atriz e como pessoa, no Teatro de Arena, colega e amiga de Gianfrancesco Guarnieri, Vanya Santana, Augusto Boal, Cecilia Thumin, Juca de Oliveira, Flávio Império (seu amigo e mestre, por quem tinha grande admiração), Fauzi Arap, Dina Sfat, Isabel Ribeiro, Yara Amaral e Antonio Fagundes.

Saiu do Arena em 1968, depois de "Primeira Feira Paulista de Opinião", e passou a trabalhar com a Cia. de Fernanda Montenegro na peça "Marta Saré" , e, no início dos anos 70, com a Cia. de Paulo Autran, nas peças "Assim é, Se lhe Parece" (com o nome de "Só Porque Você Quer") e "As Sabichonas".

Ainda na década de 70, resolveu produzir, ao lado do marido, o ator e diretor Sylvio Zilber: montaram "Fala Baixo, Senão Eu Grito", de Leilah Assumpção. Pouco depois, ambos fundaram a Escola de Teatro Macunaíma, na antiga casa de Mário de Andrade, na Rua Lopes Chaves, na Barra Funda, em São Paulo. Essa escola, mais tarde vendida por Myriam, e posteriormente por Sylvio, teve grande efervescência cultural na época em que ambos a fundaram e dirigiram, com aulas de teatro, leituras dramáticas, psicodramas com Roberto Freire.

Em 1979, depois de alguns anos fora do palco, voltou a atuar, em "Eva Perón", de Copy, ao lado de Esther Góes e de Rodrigo Santiago. No ano anterior, 1978, havia feito assistência de direção para o diretor Luís Carlos Ripper, em "Torre de Babel", de Arrabal, para o Teatro Ruth Escobar.

Atuou em muitos filmes, como "Cléo e Daniel", de Roberto Freire, "Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade (1969), "Mar de Rosas", "Das Tripas, Coração" e "Amélia", trilogia da cineasta Ana Carolina, de quem era uma das atrizes prediletas, "O Jogo da Vida", de Maurice Capovilla e "Alô?", de Mara Mourão, entre outros. Seu último filme foi "Nina", adaptação de Crime e Castigo, no qual atuou de modo marcante, ganhando, inclusive, prêmio póstumo de interpretação em Porto Alegre, em janeiro de 2005.

Na televisão, estreou ao lado de Cleyde Yáconis e Ziembinski em "Florence Nightingale". Fez três novelas, duas na antiga TV Tupi: "Nino, o Italianinho", na qual obteve grande sucesso popular com a personagem "Dona Santa", e "A Fábrica", ambas de Geraldo Vietri. A última, na Record, foi "Metamorphoses", de Mário Prata, em 2004, na qual interpretava uma imigrante grega, e onde contracenou com o amigo e colega do Arena, Guarnieri.

Atuou em diversas minisséries: no SBT, em "Brava Gente", ao lado de Marcos Caruso e Jandira Martini; na Globo, em "Dona Flor e Seus Dois Maridos", direção de Mauro Mendonça Filho, ao lado de Marco Nanini, e "Os Maias", de Maria Adelaide Amaral, onde interpretou a presonagem "Titi", de "A Relíquia", também de Eça de Queirós. Maria Adelaide elogiou muito a perfomance de Myriam.

Suas últimas atuações no teatro foram nas peças "Pegando Fora Lá Fora", escrita especialmente para ela por Gianfrancesco Guarnieri, e onde contracenava com ele e Célia Helena, "A História Acabou", também escrita para ela por Fauzi Arap (contracenando com o amigo, o pianista Pietro Maranca), e "Porca Miséria", de Marcos Caruso e Jandira Martini, na qual também obteve muito sucesso com a personagem "Miquelina", direção de Gianni Ratto. Nessa última aparição nos palcos seus colegas de cena foram Caruso, Jandira, Miguel Magno, Regina Galdino, Wilma de Aguiar e Renato Consorte.

Como diretora, seu maior sucesso foi com o espetáculo "Falso Brilhante", com a cantora Elis Regina, em 1976. Esse musical tornou-se um marco na história da MPB, lembrado até hoje por sua beleza e pela emoção que despertava. Dirigiu também diversos outros músicos e cantores, como Célia, Diana Pequeno, Nana Caymi, Isaurinha Garcia e Lana Bittencourt.

Dirigiu também diversos espetáculos teatrais, como "Dorotéia", com Marlene França e Benedito Corsi, encenado no Teatro de Arena de São Paulo, e "Boca Molhada de Paixão Calada". da amiga Leilah Assumpção, encenado no Teatro Aliança Francesa, com Emílio Di Biasi e Kate Hansen. Dirigiu Marília Pêra em uma leitura dramática de "Apareceu a Margarida", de Roberto Athayde, no Teatro Maria Della Costa.

Lecionou interpretação e manteve seu curso de teatro durante vinte anos. A partir dos anos 1980 seu curso de interpretação foi dado no espaço da Funarte de São Paulo, na Alameda Nothmann (uma das futuras salas desse espaço, reformado por J. C. Serroni, deve receber seu nome). Além disso, seu nome foi dado, também, e ainda em vida, a uma das salas do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, atualmente de propriedade da APETESP: Sala Miriam Muniz.

Faleceu no dia 18 de dezembro de 2004, em seu apartamento na Rua Itambé, em Higienópolis. Dois dias antes, havia terminado um espetáculo sobre o musical "Arena Conta Zumbi", parte do ciclo de homenagens aos 50 anos de fundação do Teatro de Arena de São Paulo. Apresentara-se no palco do SESC Pinheiros, último palco onde pisou. Na noite do dia 18, preparava-se para ir a uma festa em comemoração a esse espetáculo quando sofreu um derrame cerebral em seu apartamento, provavelmente resultado de um enfisema pulmonar recente.

Em 2006, a Funarte / Ministério da Cultura instituiu para todo o Brasil o "Prêmio Myriam Muniz", estímulo e fomento à produção e à pesquisa de artes cênicas. Ainda em 2006 o SESC publicou o livro "Arena, Oficina, Anchieta e Outros Palcos", com prefácio de Lauro César Muniz, sendo um dos depoimentos o de Myriam Muniz, sobre sua trajetória artística. O Arquivo Myriam Muniz deve ser doado ao Idart ou ao Arquivo do Estado, tendo uma primeira classificação sido feita por Maria Thereza Vargas.

Divorciada de Sylvio Zilber no final dos anos 70, depois de quase vinte anos de relacionamento, casou-se pela segunda vez com Cacá D´Andretta. Depois de vinte anos de vida em comum, dele se separou no final dos anos 90. Era mãe de dois filhos: Marcelo de Mello Zilber, casado com Teresa Fogaça de Almeida, e de Rodrigo de Mello Zilber, este falecido em 1986, muito jovem.




Fontes: Wikipedia; Site SESC SP


Assuntos relacionados:

Última entrevista concedida pela atriz, poucos dias antes de sua morte:

http://inmemorian.multiply.com/reviews/item/41

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