sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Aracy Cortes




(Rio de Janeiro em 31/03/1904 - Rio de Janeiro em 08/01/1985).

A atriz e cantora Zilda de Carvalho Espíndola, verdadeiro nome de Aracy Cortes, nasceu no Rio de Janeiro.

Uma das atrizes de maior destaque no teatro de revista, Aracy Cortes se caracterizou pela interpretação e pelo tipo físico brasileiros.

Iniciou sua carreira aos 16 anos, no Circo Democrático, cantando e dançando maxixe. Sua veia cômica lhe valeu o convite para atuar em seu primeiro espetáculo teatral, em 1922, "Nós pelas Costas", de J. Praxedes.

No teatro, os primeiros trabalhos de sua carreira foram na companhia do empresário Pascoal Segreto e entre os mais destacados revisteiros. Do autor Luiz Peixoto, atuou em "Secos e Molhados", de Luiz Peixoto e Marques Porto, 1924, e "O Baliza", de Luiz Peixoto, 1925. De Bastos Tigre, interpretou "Dito e Feito", 1924, e "Zig-Zag e Bric-à-Brac", ambos 1926. Tornou-se rapidamente popular entre o público da Praça Tiradentes - onde se concentravam os espetáculos musicais da época - e passou a ser o destaque dos espetáculos em que atuava.

Protagonizou, em 1928, "Miss Brasil", de Marques Porto e Luiz Peixoto, em que cantou "ai, ioiô, eu nasci pra sofrê...", música feita para ela e que se tornou um grande sucesso da música popular brasileira. Na segunda metade da década, trabalhou alternadamente nas companhias Tro-lo-ló e Ra-ta-plan.

Entre 1929 e 1934, Aracy Cortes fez vários espetáculos com direção de João de Deus, a maioria textos de teatro de revista, como "Compra um Bonde", de Carlos Bittencourt, Cardoso de Meneses e Alfredo de Carvalho; "Laranja da China", de Olegário Mariano; e "Às Urnas!", de Luís Iglesias e Freire Jr., todos de 1929.

Na década de 30, fundou sua própria companhia, que encenava principalmente textos de Luís Iglesias e Freire Jr. - entre eles, "Co-co-ro-có", "Paz e Amor" e "É Batata!", só em 1936.

Foi eleita Rainha do Rádio, em 1935, e Rainha das Atrizes, em 1939.

Nos primeiros anos da década de 40, Aracy trabalhou exclusivamente na companhia do empresário Walter Pinto, atuando, entre outros, em "É Disso que Eu Gosto", de Miguel Orrico, Oscarito Brennier e Vicente Marchelli; e "Acredite Se Quiser", de Paulo Guanabara, 1940, "Assim... Até Eu", de Olavo de Barros e Saint-Clair Senna, "Os Quindins de Yayá", de J. Maia e Walter Pinto; "A Cabrocha Não É Sopa", de Freire Jr.,1941. Em seguida, se associou aos autores Luís Iglesias e Freire Jr. em uma companhia de curta duração.

O teatro de revista, alvo da censura do Estado Novo, mudou de feição: em lugar da comédia, o luxo, em lugar dos autores, os produtores.

Na década de 50, quando o gênero revista entrou em declínio, Aracy Cortes trabalhou junto aos autores J. Maia e Max Nunes em espetáculos dirigidos por Rosa Mateus e Geysa Bôscoli.

A partir dos anos 60, atuou eventualmente em musicais. Seu último sucesso aconteceu em 1965, em um show realizado pelo Teatro Jovem e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, "Rosa de Ouro", em que atuou ao lado de Clementina de Jesus e Paulinho da Viola.

Em 1978, estrelou o espetáculo "A Eterna Aracy", com direção de J. Maia, contando sua carreira e cantando seus maiores sucessos, como "Jura", de Sinhô; e "Tem Francesa no Samba", de Assis Valente.

Quando morreu, em 1985, os jornais associaram a ela o próprio gênero teatral: "A quase totalidade das artistas de teatro de revistas em atividade no Brasil guiava-se pelo modelo francês, tinha uma malícia de boulevard, parecia importada de um music hall parisiense. A morena Aracy Cortes, de cabelos crespos, olhos vivos, corpo bonito que não procurava esconder com suas roupas ousadas para os palcos da época, era brasileira em tudo, na malícia dos gestos, nas insinuações do olhar, no gosto pelo duplo sentido das frases. Foi a primeira grande desbocada do teatro brasileiro".


Fonte: Site Itau Cultural

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